Primeira Leitura: Deuteronómio (26,4-10) Salmo Responsorial: Salmo (91,1-2.10-15) Segunda Leitura: Romanos (10,8-13).
Evangelho: Lucas (4:1-13).

A reflexão do primeiro domingo da Quaresma é do Sr. Nicholas Okwatch, Oficial Assistente de Proteção da JCSA.
Ao iniciarmos este tempo sagrado da Quaresma, as leituras deste Primeiro Domingo convidam-nos a refletir sobre a nossa caminhada espiritual, confiando na providência de Deus e resistindo à tentação. A Quaresma é um tempo para renovar a nossa fé, agir pela justiça e caminhar em amor, especialmente com aqueles que estão a passar por dificuldades.
Na primeira leitura (Deuteronómio 26:4–10), Moisés recorda aos israelitas que se lembrem de como Deus os resgatou da escravidão no Egito. Tal como antes eram oprimidas, muitas pessoas enfrentam hoje diferentes formas de escravatura, pobreza, corrupção, desigualdade e injustiça. No Quénia e na maioria dos países africanos, as dificuldades económicas continuam a pesar sobre os mais vulneráveis. Esta passagem chama-nos a confiar em Deus enquanto trabalhamos ativamente por uma sociedade onde todos são tratados com dignidade.
O Salmo 91 assegura-nos que “Ele dará ordens aos seus anjos a seu respeito para que o guardem em todos os seus caminhos.” Este é um poderoso lembrete de que Deus protege os fracos, especialmente as crianças e aqueles que são vulneráveis. Mas também somos chamados a fazer parte dessa proteção. Num mundo onde muitos sofrem exploração e abuso, o Papa Francisco recorda-nos: “Santidade significa entregar-se em sacrifício e serviço por amor, nos mais pequenos gestos diários” (Gaudete et Exsultate). A verdadeira fé é vivida através da ação, da defesa da justiça, da dignidade dos outros e da oferta de cuidados aos necessitados.
Na segunda leitura (Romanos 10:8–13), São Paulo ensina que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. Esta mensagem de inclusão recorda-nos que todos são importantes, independentemente da origem ou do estatuto social. Numa época em que enfrentamos dificuldades económicas, crises de saúde e lutas sociais, a verdadeira mudança começa quando nos voltamos para Deus e nos comprometemos com uma vida de fé e justiça. Como disse sabiamente Santo Inácio de Loyola: “O amor deve manifestar-se mais em acções do que em palavras.”
O Evangelho (Lucas 4:1–13) traz-nos a poderosa história da tentação de Jesus no deserto. Depois de jejuar durante quarenta dias, o diabo tenta-o com riqueza, poder e segurança, mas Jesus resiste usando a Palavra de Deus. Estas mesmas tentações de ganância, corrupção e egoísmo estão presentes na nossa sociedade de hoje. O Bispo Robert Barron adverte: “O diabo tenta-nos a afastarmo-nos da vontade de Deus e a procurar o interesse próprio, mas a verdadeira grandeza está no serviço humilde aos outros.” Nesta Quaresma, somos chamados a seguir o exemplo de Cristo, rejeitando o egoísmo e trabalhando para o bem dos outros.
Os valores tradicionais africanos também enfatizam a integridade moral, a comunidade e o cuidado com os vulneráveis. Muitos anciãos ensinam que a união, o respeito pela vida humana e a compaixão garantem que ninguém é deixado para trás. Estes valores estão alinhados com o nosso chamamento cristão de amar o próximo como a nós mesmos.
O Venerável Fulton Sheen disse um dia: "A menos que haja uma Sexta-feira Santa na sua vida, não pode haver Domingo de Páscoa". À medida que enfrentamos as nossas próprias lutas, que possamos encontrar força em Cristo e nos comprometamos com a justiça, a proteção dos fracos e o bem-estar integral para todos.
A Quaresma é um período de graça, um tempo para nos aproximarmos de Deus, refletirmos sobre as nossas vidas e demonstrarmos amor através do serviço. Através de orações, jejum e atos de bondade, podemos aprofundar a nossa fé e fazer a diferença nas nossas comunidades. Vamos caminhar juntos nesta caminhada, confiando em Deus e esforçando-nos por ser uma fonte de esperança e luz para os outros.
Amém.
Comments are closed.