Um pastor corajoso que toca a mente e o coração. O Papa Francisco tem sido inspirador para mim. Com a sua vida e palavras, conseguiu tocar não só a mente, mas também o coração. Francisco é aquele pastor que usa metáforas para se conectar bem com a experiência humana real. As suas mensagens e exortações serão recordadas não porque provêm de Francisco, o primeiro jesuíta a ser Papa, mas porque nos ligaram às nossas raízes: Jesus, o Evangelho, o Verbo feito carne para a salvação de toda a criatura.

Lembro-me perfeitamente do seu corajoso apelo ao mundo inteiro, especialmente àqueles que exploravam os outros propositadamente, durante a sua visita à República Democrática do Congo em Janeiro de 2023: “Tirem as mãos da República Democrática do Congo! Tirem as mãos de África! Parem de sufocar África: África não é uma mina a ser desmantelada ou um terreno a ser saqueado”, e aos jovens do Quénia (2015), ele dizia: “Não deixem que a corrupção vos roube os sonhos. Sejam a geração que defende a verdade, a justiça e a honestidade”. Acreditava no poder dos jovens para transformar o mundo e a Igreja se se guiassem por Cristo, que “está vivo e quer que eles estejam vivos” (Christus Vivit).

Francisco, um pastor profundamente enraizado na oração e na proximidade com Deus. As suas ricas palavras aos Bispos do Congo traduzem a sua proximidade com Deus e com o povo a quem servimos. “Quando prezamos a nossa proximidade com Deus, sentimo-nos atraídos pelo nosso povo e sentiremos sempre compaixão por aqueles que estão confiados aos nossos cuidados. A Palavra de Deus é um fogo que arde por dentro e nos impele a ir em frente! Isto, pois, é o que somos como Bispos: homens inflamados pela Palavra de Deus, enviados com zelo apostólico ao povo de Deus!”

Acrescentou: “Infelizmente, sei que a comunidade cristã desta terra também tem outro rosto. É o rosto de uma Igreja que sofre pelo seu povo, um coração no qual a vida do povo, com as suas alegrias e provações, bate ansiosamente. Uma Igreja que é um sinal visível de Cristo, que ainda hoje é rejeitado, condenado e vilipendiado em tantos crucificados do nosso mundo; uma Igreja que chora com as suas lágrimas e, como Jesus, uma Igreja que também quer enxugar essas lágrimas”. Este é um apelo para estarmos onde o povo está, sabendo que longe de Deus o nosso ministério será improdutivo.

Como jesuíta empenhado no sector da saúde e do desenvolvimento juvenil no continente africano através do trabalho da Rede Jesuíta Africana contra a SIDA (AJAN), estas palavras de Francisco e de outros ressoam continuamente em mim, moldando o nosso ministério enquanto indivíduos e enquanto rede de diversas formas. Tal como o Papa Francisco, acredito firmemente que um continente africano saudável, desenvolvido e plenamente vivo não é possível se os nossos jovens forem postos de lado. Precisamos de nos esforçar em conjunto, acompanhar os jovens e fortalecê-los internamente (com conhecimentos, valores e competências...) para que possam enfrentar qualquer força destrutiva que possa vir do exterior.   

Obrigado, Francisco, pelas tuas palavras inspiradoras e desafiantes, e pela tua vida simples. Que Deus, a quem dedicou toda a sua vida, conceda paz perpétua à sua alma. Ele permanecerá vivo no meu coração.

–P. Matambura Kashosi Ismael, sj
Director, AJAN.