P. Michael Lewis SJ, Presidente da JESAM (Superiores Jesuítas de África e Madagáscar)
Os jovens têm necessidade de sentir que participam na luta contra a SIDA e de ser fortalecidos com a confiança, os valores, as competências e o conhecimento que lhes permitam oferecer um contributo válido.
No momento em que a comunidade internacional assinala o Dia Mundial da SIDA a 1 de dezembro, a Organização Mundial da Saúde (OMS) veio chamar a atenção para a vulnerabilidade dos jovens em relação à infeção pelo HIV. Tal é particularmente o caso das jovens mulheres na África Subsaariana: nesta região, a taxa de prevalência entre as jovens permanece duas vezes mais alta do que entre os jovens do sexo masculino. Em 2012, havia 2,1 milhões de adolescentes que vivem com o HIV em todo o mundo.
A Rede Jesuíta Africana contra a SIDA (AJAN) acredita firmemente que a educação com base em valores é um elemento determinante para impedir o alastramento do HIV neste grupo etário vulnerável. A AJAN coordena os projetos na área da SIDA promovidos pelos jesuítas e seus colaboradores em toda a África Subsaariana, incluindo muitos que são implementados em escolas e centros educativos dirigidos pela ordem dos Jesuítas, a qual possui uma renomada tradição pedagógica.
A partir da sua rica experiência no sector da educação, os jesuítas estão numa posição privilegiada para organizar programas de prevenção do HIV para os jovens. No entanto, chegámos à conclusão de que não bastam as campanhas de prevenção, e que estas chegam mesmo, por vezes, a colocar os jovens de lado, uma vez que estes sentem estar a ouvir a mesma conversa uma e outra vez. Aprendemos que precisamos de ser constantemente criativos e de nos aproximar dos jovens de um modo que os atraia.
Os programas que têm êxito são aqueles que encorajam os jovens a pensar de modo crítico e os capacitam com as ‘ferramentas’ para agir: fazer escolhas responsáveis, responder com compaixão às necessidades à sua volta, e fazer realmente a diferença.
Em 2012, a AJAN lançou o seu inovador programa para as escolas e centros educativos jesuítas, intitulado Programa de Prevenção contra o HIV e a SIDA da AJAN para os Jovens (AJAN HIV&AIDS Prevention Program for Youth – AHAPPY). Adaptando os princípios da pedagogia e da espiritualidade jesuíta para os adolescentes, o programa AHAPPY aborda a prevenção do HIV no contexto do desenvolvimento pessoal integral. Os jovens são levados a considerarem-se em relação consigo próprios, com os outos, com Deus e a criação. Os meios usados incluem as competências para a vida, a educação de pares, as atividades criativas como o teatro e os ensinamentos da Igreja Católica.
O programa foi fundamentalmente concebido a partir da convicção de que os jovens são os agentes ativos da sua própria formação. Esta é provavelmente a lição mais válida aprendida nestes anos a fazer prevenção entre os jovens. Temos de explorar o entusiasmo e o potencial que os jovens possuem para desempenharem um papel crucial. Os seus dons têm de ser aproveitados em campanhas educativas que tenham impacto quanto a contrariar as taxas acentuadas de prevalência do HIV que os ameaçam. A única forma de enfrentar o HIV/SIDA é de modo abrangente, fazendo da prevenção um elemento de uma busca mais vasta pela plenitude pessoal.