Representantes de universidades, centros de investigação social e coordenadores do apostolado social dos jesuítas, bem como consultores e especialistas, de mais de 15 países, reuniram-se na África do Sul de 6 a 9 de agosto último para o encontro anual “Justiça e Ecologia”. O local escolhido foi o Instituto Lumko, em Brentwood Park (Benoni), Joanesburgo. Sob o título Conferência JENA das Preferências Apostólicas Universais (PAU), foram abordados temas acerca da Governação, Processos e Atores na Implementação das PAU. O objetivo era o de estabelecer uma plataforma de deliberação para os atores da Rede Jesuíta em África (Jesuit Network in Africa – JENA) responderem eficazmente ao pronunciamento do Superior Geral dos jesuítas.
As mentes dos participantes estiveram concentradas e focadas de modo coletivo na concretização de formas de monitorizar os pontos de ação acordados das PAU em todos os níveis, sendo o objetivo último a consciencialização dos desafios por todos enfrentados. As reflexões dos participantes centraram-se na criação de um novo conhecimento e da sabedoria necessária para implementar as PAU, a colaboração que se exige e a autotransformação dos atores envolvidos em todos os domínios.
Para o diretor da AJAN, que estava presente, revestiu-se de crucial importância a deliberação acerca das pessoas vulneráveis e dos jovens de África, pois as pessoas que vivem com o HIV e as que são afetadas pelo vírus são o ponto central à volta do qual se organizam as atividades da AJAN. O acento foi colocado na edificação de estruturas de apoio, económicas e sociais, para ajudar as pessoas vulneráveis, incluindo migrantes, refugiados e pessoas que vivem com o HIV, a enfrentar os desafios colocados pelo HIV e pela SIDA. Porém, as estruturas e intervenções têm de fundamentar-se numa adequada investigação. Ter jovens capacitados, saudáveis e livres do vírus é também crucial para a missão da organização.
Desde o início dos trabalhos, foi opinião unânime que as PAU não podem ser consideradas ou entendidas de modo isolado, mas estão antes inseparavelmente ligadas umas às outras. Os participantes concordaram que a realização dos objetivos estabelecidos nas PAU exige autotransformação, transformação da sociedade e uma mente aberta na busca de soluções.
Reconhecendo que a nossa espiritualidade e a nossa relação com Deus são o fundamento das nossas ações, a conferência sublinhou a necessidade de caminhar com os excluídos, tais como os migrantes, as vítimas da guerra e do tráfico de seres humanos, os refugiados, os apátridas, as mulheres, os órfãos e as crianças vulneráveis, as pessoas que vivem com o HIV e a SIDA, numa missão de reconciliação e justiça. Estas são as pessoas que são abusadas psicologicamente e sexualmente, as pessoas consideradas como marginais pela sociedade, as pessoas que são estigmatizadas e negligenciadas. Não têm acesso às necessidades básicas, incluindo o acesso a uma melhor nutrição e aos medicamentos para enfrentar o HIV e a SIDA.
Em relação aos jovens, o diretor da AJAN afirmou: “os jovens africanos não são apenas o futuro do continente, mas são, em boa verdade, o seu presente. Eles levam avante a visão coletiva da sociedade africana e é de realçar que os jovens com menos de 30 anos constituem 70% da população. Eles constituem um recurso incrível para o desenvolvimento de África, mas, no entanto, enfrentam níveis elevados de desemprego e subemprego, falta de uma boa formação e dificuldades de saúde. O HIV/SIDA constitui ainda uma das principais causas de morte nesta faixa etária. Uma futura geração saudável implica que nos asseguremos de que a infeção pelo HIV entre os jovens seja radicalmente reduzida, se não mesmo eliminada, por meio da prevenção e da medicação adequada. Significa que somos capazes de demonstrar amor e aceitação e que somos capazes de gerar esperança nesta jovem geração. Temos de recorrer à abordagem amiga dos jovens que os coloca no centro e incorpora o seu ponto de vista. Eles têm de ser capacitados para terem uma vida longa e que seja saudável. Temos de nos assegurar que recebem uma formação apropriada que liberte a sua criatividade e os torne agentes de transformação”.
Sem dúvida que a participação da AJAN no encontro da JENA acentuou o seu papel na implementação das PAU e indicou as diversas conexões com os outros setores das missões jesuítas.