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A falta de fundos é uma das principais preocupações dos diretores dos centros sociais da AJAN em toda a África, num momento em que estes enfrentam o coronavírus

A insuficiência dos recursos necessários para ajudar a satisfazer as necessidades das comunidades, as complicações das operações normais desencadeadas pela imposição de confinamentos totais ou parciais pelos governos, o aumento constante dos casos de infeções pela COVID19 e um paradoxo na elaboração de estratégias de resposta, são alguns dos desafios que se colocam aos centros sociais da AJAN em toda a África.

Estes sentimentos foram expressos quando, a 26 de maio de 2020, 16 diretores e delegados dos centros da AJAN convergiram numa reunião online, convocada pelo diretor da AJAN, o P. Elphège Quenum. O principal objetivo da agenda era avaliar o impacto da COVID19 nos beneficiários e nas atividades dos centros sociais, bem como as respostas que podem ser promovidas no futuro. Os membros analisaram igualmente as possíveis ações comuns que podem ser implementadas pela rede.

A reunião confirmou que os meios de subsistência estão a ser negativamente afetados pelo novo vírus, especialmente os das pessoas que vivem com o HIV e a SIDA (PVHS). “Temos cerca de 1000 PVHS sob os nossos cuidados e mais de 100 outros beneficiários que sofrem de lepra. As PVHS são extremamente pobres, na verdade 90% dos nossos destinatários são-no. Atualmente, muitos estão malnutridos, para além de necessitarem urgentemente de medicação, e precisam de assistência”, afirmou o P. Vedaste Nkeshimana, do Service Yezu Mwiza, no Burundi. “Muitos dos nossos beneficiários estão em apuros. Começámos a dar algum apoio monetário porque algumas famílias estavam com muitos problemas e tivemos de partilhar o pouco que havia”, ponderou o P. Claude Domfang, do Centre de Recherche, d’Education et Communication (CREC).

A interrupção das atividades é um problema indiscutível para os centros sociais, uma vez que as formações e os horários paroquiais têm sido completamente dificultados pelas políticas governamentais de suspensão das reuniões. Na Tanzânia, no Quénia, na Guiné-Conacri e em todos os países onde existem centros AJAN, as escolas foram encerradas e as atividades de formação de jovens foram canceladas.

O P. Ismael Matambura disse que na RDC as atividades económicas também foram gravemente afetadas e que, por isso, as pessoas estão a lutar pela sobrevivência sem alimentos e outras necessidades básicas, embora ainda não haja um caso confirmado da nova doença no país. O P. Terry revelou também que a maioria dos estudantes de St. Aloysius provém de meios extremamente pobres e agora, infelizmente, os seus pais ou tutores, que dependem de empregos ocasionais, estão basicamente incapazes de obter rendimentos. A sua instituição estendeu um programa de alimentação que normalmente tem para os seus estudantes, neste período em que eles estão em casa, e planeia continuar a fazê-lo no futuro. Na Tanzânia, disse o P. Ng’ang’a, muitos estão agora a sofrer, pois dependem de pequenos negócios, que nesta altura geram poucos ou nenhuns rendimentos.

O aparecimento do coronavírus foi uma emboscada para muitos dos centros que operam no âmbito da Rede Jesuíta Africana contra a SIDA, uma vez que era algo imprevisto e, portanto, não orçamentado. Muitos não têm, portanto, fundos e recursos necessários para ajudar os membros mais vulneráveis das comunidades que os jesuítas servem. “Desembolsámos quase 300 sacos de milho, feijão, sorgo e outros cereais, mas a necessidade continua a ser grande”, afirmou o P. Augustine Ekeno, da Paróquia de Santa Teresa (Rumbek, no Sudão do Sul). O P. Edomobi, de Caldwell, na Libéria, menciona que muitas pessoas estão em extrema necessidade, considerando que a maioria vive em condição precária, tendo poucos recursos a que recorrer. Referiu que aos jesuítas até lhes faltam recursos para sensibilizar as pessoas para o vírus.

A utilização crescente de plataformas online para formações ao longo deste período também foi fortemente sublinhada. No Centro Arrupe, em Madagáscar, a videoconferência é uma das formas que estão a utilizar para realizar formações e reuniões, segundo Masy Alinoro.  O P. Terry apoiou a ideia de uma aplicação móvel para o AHAPPY, enquanto Masy Alinoro disse que a AJAN pode utilizar ainda mais as suas plataformas online para oferecer formação.

Com as alterações introduzidas pela COVID19, vários participantes revelaram também a necessidade de a rede AJAN reorganizar ou aperfeiçoar os seus programas e a apresentação de material de formação. “Podemos certamente beneficiar de qualquer forma que a AJAN possa empreender no futuro”, disse o P. Terry, enquanto o P. Ng’ang’a manifestou o desejo de que o material de formação fosse traduzido para Kiswahili. “Poderíamos até mudar o nome da AJAN”, disse o P. Domfang. Uma vez que este encontro se destinava também a esboçar alguma ação comum, os membros manifestaram o desejo de que fosse concebida uma determinada atividade que reunisse todos. “A partilha de informação é fundamental”, disse o Ir. Ghislain, do CIEE, na RCA.

Foi também sugerida a necessidade de uma estratégia coordenada em todos os centros. “Ainda não temos uma estratégia clara para lidar com a COVID19”, afirmou o P. Ekeno. O P. Domfang afirmou ainda que a rede precisa de encontrar melhores formas de conseguir um maior impacto em conjunto, mesmo que isso signifique “estar ligada a uma rede global”. Sugeriu ainda atividades comuns regulares, como módulos online para jovens. “Precisamos de uma estratégia de mobilização de fundos”, disse o P. Vedaste, que acrescentou que, embora o seu centro tenha comprado desinfetantes e máscaras para ajudar a prevenir a doença, tal não tinha sido orçamentado.

Esta reunião foi seguida de uma outra a 15 de junho de 2020 e o secretariado está em curso de conceber uma abordagem.

 

Dennis Owuoche

Dennis Owuoche Shadrack is the AJAN Communications and Research officer, Having joined AJAN in 2022 he has a broad experience in content writing; statements, press releases , website management, brand development, developing communications strategies and managing the social media, disseminating knowledge products, preparing flyers, reports and spreading other materials in order to enhance awareness about HIV and support Holistic development of the young people as a AHAPPY Trainer.

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