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“É uma época de mais sofrimento para as pessoas que vivem com o HIV e a SIDA”, partilha uma beneficiária do #WalkwithaVulnerableFamily.

Por Caleb Mwamisi

Alguns minutos depois das 8h da manhã de sexta-feira, 22 de maio de 2020, após a conclusão de uma atividade do #WalkwithaVulnerableFamily no edifício do Upendo OVC, a equipa da AJAN juntou-se a Evelyn Nyakoa para uma breve caminhada até à sua casa. A sua gratidão é palpável enquanto deambula à nossa frente. A sua determinação e esperança são visíveis pois, sempre que diz alguma coisa, fá-lo com um aceno de alegria. Ela tem a amabilidade de nos convidar para a sua casa no bairro de Kangemi.

Embora Evelyn seja uma das muitas beneficiárias do projeto Uzima, a sua história não é única, pois está a viver positivamente com o vírus HIV. Através da intermediação de Nafisa Ayuka, assistente social do Upendo OVC, ela amavelmente concordou em nos conduzir até à sua mente e vida, nem que fosse por apenas algumas horas. É mãe de quatro filhos, dois dos quais residem com um familiar, a quem Deus concedeu graça suficiente para compreender e ajudar a aliviar o atoleiro de Evelyn.

A mim juntam-se o P. Elphège Quenum e a Pascalia Sergon e, à medida que nos aproximamos da sua casa, notamos a elevada densidade populacional dentro de estruturas de madeira cobertas com chapas de zinco. Uma rapariga corre com prazer ao nosso encontro e oferece-se para ajudar a carregar a sua carga, que compreende farinha de milho, açúcar, sal, uma barra de sabão e arroz. Evelyn conduz-nos alegremente para um único quarto atafulhado, notamos outra criança deitada numa cama improvisada que ela nos informa ser a sua última filha que ainda não acordou. No entanto, assustada com os nossos passos e os nossos murmúrios, Precious, de quatro anos, levanta-se e a mãe oferece-lhe rapidamente uma máscara, que ela timidamente coloca com a ajuda de alguns de nós.

Em cima: Pascalia ajuda a encostar uma portinhola quando a equipa da AJAN chega a casa de Evelyn

“Os meus próprios irmãos expulsaram-me da terra do meu pai quando lá voltei após a morte do meu marido”, começa a narrar. Para bem dos seus filhos, que os familiares também ameaçaram, ela recorreu à sua esperança inata para seguir em frente. Enquanto lhe prestamos fervorosamente a nossa atenção, percebemos que ela sofreu a dupla tragédia de ser cruelmente ostracizada não só pela família do seu falecido marido, mas também pelo seu próprio sangue. O marido tinha duas esposas, tendo a primeira herdado todas as terras em seu detrimento.

Em 2013, o mesmo ano da última viagem do marido, ela mudar-se-ia do campo para os bairros de lata de Nairobi para tentar prover à sua família. Desde o início, ganhou a vida a fazer tarefas domésticas como lavandaria, jardinagem e outros trabalhos de casa. No entanto, foi nos bairros de lata que a paróquia de São José Operário chegou até junto dela e “enxugou as minhas lágrimas”, diz ela. E acrescenta com emoção: “Comprometeram-se a ajudar-nos com o pouco que conseguissem a partir do seu programa Uzima. Temos recebido de vez em quando ajuda sob a forma de alimentos, facilitação de medicamentos-ARV, e temos recebido formação pela qual temos vindo a obter competências como em agricultura em estufa e apoio nutricional”. A Evelyn ajuda agora o Uzima OVC a chegar a viúvas como ela e, por sua vez, ajuda a comunidade a utilizar os benefícios do projeto.

Como a Evelyn menciona a nutrição, lembro-me de dois pacotes que faziam parte da porção que lhe foi dada a ela e aos outros beneficiários no início do dia: farinha fortificada e leite. “Agradeço à Paróquia de São José Operário e aos Jesuítas e rezo pedindo por mais apoio, porque os meus vizinhos também estão em perigo neste período da COVID19. As pessoas que vivem com o HIV são as que mais estão a sofrer”. Termina aquele dia comovente para nós quando dizemos adeus à Evelyn e às suas lindas filhas.

“O coronavírus tornou a vida imensamente difícil para as pessoas que vivem com o HIV e elas estão seriamente ameaçadas. Precisam de uma dieta equilibrada e consistente, mas a dificuldade económica criada pelo coronavírus torna esta busca num pesadelo. Por extensão, as pessoas dos bairros de lata estão a sofrer as repercussões profundas da turbulência económica do aumento do custo de vida e da inflação. Muitas são negligenciadas e a ajuda que lhes chega é insuficiente”, diz o P. Elphège, no momento em que a equipa da AJAN se dedica a uma intensa revisão do nosso encontro com a Evelyn. #WalkwithaVulnerableFamily é um projeto dos Jesuítas de África e Madagáscar oferecido através dos seus ministérios e centros sociais. Kangemi foi identificado como um “hotspot” para a COVID19 pelo governo do Quénia, com testes em massa atualmente a serem realizados nos bairros de lata.

 

 

 

Dennis Owuoche

Dennis Owuoche Shadrack is the AJAN Communications and Research officer, Having joined AJAN in 2022 he has a broad experience in content writing; statements, press releases , website management, brand development, developing communications strategies and managing the social media, disseminating knowledge products, preparing flyers, reports and spreading other materials in order to enhance awareness about HIV and support Holistic development of the young people as a AHAPPY Trainer.

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